Por Chris Barbato – Texas USA
O café chegou na Europa em 1615 denominado por “vinho árabe” e viajantes europeus se encantavam pela bebida, mas não podiam nem pensar em levar grãos verdes para suas terras. A proteção árabe era tanta que estrangeiros nem podiam se aproximar das plantações!
Em 1616, entretanto, os holandeses conseguiram levar mudas para Amsterdã e as cultivaram em estufas. Em seguida a prática de torrar e moer café foi se espalhando também pela Europa e várias cafeterias foram abertas, em sintonia com a Revolução Científica e o surgimento do Barroco. Era a Idade da Razão – uma época de mudanças culturais, políticas, sociológicas – e o café combinava com tudo isso!
A primeira cafeteria foi a Pasquar Rosee, em Londres (1652). O sucesso foi tão grande que donos de tavernas locais, médicos e vendedores de vinho tentaram boicotar o surgimento de cafeterias, alegando que promoviam perda de tempo, conversas triviais e que a bebida era venenosa. Mas o povo gostava tanto que não havia mais como o governo impedir! Mais tarde abriram o Le Procope em Paris (1686) e o Florian Piazza San Marco, em Veneza (as duas últimas existem até hoje).
Pausa para contar o surgimento da primeira cafeteria de Viena – essa história merece ser lembrada! Durante uma guerra em 1683, a cidade estava prestes a ser tomada pelo Império Otomano. Então um jovem polaco chamado Georg F. Kolschitzky, que falava turco fluentemente, atravessou o acampamento dos inimigos vestindo o uniforme deles e cantando canções turcas. Assim ele conseguiu pedir reforços ao duque da Lorena (França) e os vienenses venceram a batalha.
Os turcos abandonaram várias sacas de café no porto e essa foi a recompensa dada a Kolschitzky, que abriu a Hof Zur Blauen Flasche, a primeira cafeteria de Viena! Foi lá que surgiu o café vienense, bebido até hoje com leite, açúcar e chocolate.
E então algo marcante aconteceu. Os holandeses presentearam o Rei Luís XIV com um presente raríssimo: uma pequena planta fértil, que foi preservada nos jardins de Versailles.
A História conta que um soldado da marinha francesa chamado Gabriel de Clieu, em 1723, roubou um pedacinho da planta do rei, que ficava protegida na estufa real. De Clieu era um homem ambicioso, e acreditava no potencial econômico do café. Por isso, enfrentou uma turbulenta jornada pelo oceano Atlântico, com direito a ataque pirata, tentativa de roubo, tempestades e falta de água para levar a pequena muda à Martinica, no Caribe.
No final das contas, a aventura desse soldado foi um sucesso! O café se multiplicou e rendeu frutos, de modo que o sucessor Luís XV o parabenizou pelos seus feitos e, a partir daí, o café se espalhou pela América Central.
Até o final daquele século o café começou a ser plantado em Java (colônia holandesa na época), e a Arábia perdeu seu monopólio. Cafeterias foram abertas pelos holandeses em Nova Amsterdã (Nova York), na América no Norte, e na Filadélfia.
Com plantações espalhadas pelo mundo, os europeus difundiram para sempre o tesouro árabe enquanto criavam uma demanda de mercado cada vez maior. Começaram a cultivar café na África, Suriname, Sumatra, Indonésia, Jamaica, entre muitos outros.
Para se ter uma ideia do quão difundida a cultura do café já estava, veja isso: em 1732, o compositor Sebastian Bach compôs a “Kaffee Kantate”, a cantata do café, a pedido do dono de uma cafeteria alemã. A obra conta a história de um pai que pedia à filha para parar de tomar café e chega até a lhe oferecer um marido para que ela pare. Ela aceita se casar, mas não abre mão do verdadeiro amor, o café.
AGRADECIMENTOS: (Blog Ucoffee – fonte de pesquisa e partes extraídas)