As semelhanças e diferenças nos processos de elaboração de vinhos e cafés
Por Mariana Vieira
Dois amores. Não consigo conceber uma definição melhor para essas duas bebidas que, ao longo da louca história da humanidade, arrebanhou milhões com suas características únicas. Antes de tudo, é preciso dizer: vinho e café guardam entre si tantas semelhanças quanto diferenças. O mais importante é sempre ter em mente que, seja para despertar e começar um belo dia ou relaxar e finalizar o expediente, qualidade, procedência e moderação são boas escolhas.
Café e vinho: cada qual no seu terroir
Tanto o ouro negro quanto o néctar de Baco são bebidas derivadas de plantas. Em comum, a característica de serem não climatéricas, ou seja, só atingirem o seu ponto de maturação completo se estiverem ligadas à planta, diferente de uma banana ou mamão, que amadurecem mesmo depois de colhidas. Café colhido verde permanecerá verde, bem como a uva que ainda não chegou no ponto ideal de maturação. Nos dois casos, a qualidade do produto final é comprometida.
Justamente por essa particularidade, a colheita tanto do café quanto das uvas deve ser feita apenas no momento certo, no auge da maturação dos frutos, que não ocorre de maneira uniforme. Durante a safra, é comum que tanto vinícolas quanto fazendas cafeeiras contem com mão de obra extra, que se revezam em turnos para colher os frutos à medida em que forem amadurecendo. Esse é apenas um dos muitíssimos cuidados necessários nos dois processos, que são igualmente detalhados e cuidadosos.
De diferente, podemos citar os terroirs ideais para cada cultivo. O café, em geral, se desenvolve bem na faixa entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio, espaço carinhosamente apelidado de Cinturão do Café (Coffee Belt). Brasil, Colômbia, Vietnã e Guatemala são grandes origens produtoras, nas quais a incidência solar é abundante, altitudes consideráveis, além de solo fértil, chuvas frequentes e variação amena de temperatura. O cafeeiro ama um bom clima tropical! Já as vinhas são mais fresquinhas…literalmente! Isso porque a planta se adapta melhor em regiões que passam por invernos mais delimitados, com boa amplitude de temperatura ao longo do ano, além de incidência eólica. Acima de tudo, o cultivo de vinhos de qualidade é pautado pela latitude; é entre os paralelos 30˚ e 50˚ que se localiza a área considerada ideal para o cultivo da vinha, que prefere um clima temperado.
Vale ressaltar que essas preferências de região são a regra, mas nada impediu os apaixonados pelas duas bebidas de desbravar novos territórios e fazer vinhos na Índia ou plantar café aos pés de um vulcão!
E você, têm um café e um vinho preferidos? Ou mesmo preferência entre um dos dois? Eu reservo as manhãs para uma boa xícara extraída na hora e uma taça aromática de vinho para o fim do dia.
Santé!
Mariana Vieira – é uma jornalista brasiliense que mora em São Paulo. É apaixonada por Gastronomia em todas as suas frentes e decidiu empreender uma jornada de aprendizado no maravilhoso mundo do vinho. Acompanhe as descobertas na coluna Diário da taça no blog da Grand Cru.
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