A pandemia da Covid-19, como um algoz, impôs mudanças no comportamento, principalmente nos relacionamentos que exigem contato pessoal. Não estou sendo redundante ao empregar o adjetivo “pessoal”, pois ninguém nega que exista o contato virtual, o qual já era significativo e se ampliou em escala exponencial, justamente pela redução do contato pessoal.
Embora não tenha sido uma mudança impositiva, houve um aumento no consumo de bebida alcoólica durante a pandemia, principalmente em 2020, quando muitos realizaram o trabalho remoto. Há diversas tentativas de explicação, as quais apenas reproduzo: angústias por incertezas pessoais e profissionais; o fato de estar em casa permitir tomar uns aperitivos a mais; a busca por novos sabores e a facilidade para realizar compras pela internet.
O surpreendente foi o incremento no consumo de vinho, que no período referido, aumentou a incrível cifra de 30%. É certo que antes era baixo e agora chegou a 2,8 litros anuais per capita, o que ainda é ínfimo, se comparado com os países campeões: Portugal (51,9 litros per capita ao ano), Itália (46,6 litros) e França (46 litros). Considerando que uma garrafa de vinho tem 750 ml, temos que um português bebe 69 garrafas de vinho, enquanto um brasileiro consome um pouco mais do que três, por ano. E você, está na média brasileira ou europeia?
Diante deste panorama, as compras on-line explodiram e muitos consumidores passaram a adquirir mais do que aquela garrafa de vinho que seria bebida no final de semana, até como forma de baratear o valor do frete. Daí surgiu uma dúvida: Onde guardar em casa os vinhos ainda não abertos? O local ideal seria uma adega climatizada, aquelas que se assemelham a um frigobar. Mas, é fato que este artigo é raro nas residências. A resposta à indagação não é difícil. Antes, é facilmente obtida através de um processo de exclusão dos “inimigos do vinho”. Sim, o vinho tem alguns inimigos, os quais aceleram o seu processo de deterioração, colaborando para que ele perca mais rapidamente as suas características. O Segredo é deixar o vinho longe destes inimigos: (a) alta temperatura, (b) variação brusca da temperatura, (c) trepidação e (d) luz.
O pior lugar onde você poderia guardar o seu vinho em sua casa é a cozinha, o qual creio que, além de ser o mais quente é onde a temperatura varia mais rapidamente. Isso ocorre em razão de duas fontes de calor: o fogão e o motor do refrigerador/freezer. Uma solução fácil, então, seria guardar o vinho na geladeira. Cuidado! Ela apresenta outro inimigo do vinho que é a trepidação provocada pelo motor, a qual, a médio prazo, pode acelerar o processo de degradação do vinho. Se você está atento, pode perguntar-se: “E a adega climatizada, não tem o mesmo problema? ” Esclareço que não. As melhores adegas, com compressor (motor), possuem um sistema antitrepidação. No entanto, se você coloca seu vinho por poucos dias na geladeira, a breve trepidação não chegará a ser um problema. Outro inimigo do vinho é a luz, tanto a natural (solar) como a artificial (lâmpada), a qual, se incidir sobre o vinho por tempo considerável, também concorrerá para a sua mais rápida degradação.
Vamos às soluções. Se o local escolhido fica exposto à muita luz, é possível contornar embrulhando a garrafa com papel manteiga. Ademais, todos possuem em casa um cantinho fresco, com pouca iluminação, sem trepidação e com pouca variação da temperatura: estou falando do guarda-roupas ou de qualquer outro armário. Se estes já estiverem lotados, ainda há a possibilidade de se colocar as garrafas diretamente no piso, principalmente se for cerâmico, pois estes são, geralmente, os pontos mais frescos do ambiente. Tomando sempre a cautela para que não fiquem expostas aos seus inimigos.
Aproveite as promoções, compre seus vinhos, guarde-os corretamente e, no momento que escolher, passe a mão no saca-rolhas e “deixa as águas rolar”.
Saúde!
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