Se você já provou vinho tinto, há uma chance muito grande de ter experimentado a casta Cabernet Sauvignon.
Ela é a rainha das uvas tintas. É a mais plantada em todo o mundo em razão de adaptar-se facilmente.
Embora seja considerada uma casta internacional, por estar disseminada em diversas regiões do globo, sua origem é francesa.
Os apreciadores do vinho desta uva não imaginam que houve época em que ela não existia. O seu surgimento se deu antes da metade do século XVIII na região de Bordeaux, através do cruzamento natural entre a tinta CABERNET Franc e a branca SAUVIGNON Blanc, daí o nome CABERNET SAUVIGNON.
Esta variedade tem a peculiaridade de ter um amadurecimento tardio, isto é, sua maturação é mais lenta, exigindo solos mais quentes, com cascalho e areia. O cascalho, além de refletir a luz solar, é aquecido e irradia calor para a videira depois do pôr do sol. A areia também auxilia na drenagem, facilitando o escoamento da água da chuva para o subsolo, pois o acúmulo desta esfriaria o solo. Exatamente este é o solo da principal região da margem esquerda de Bordeaux, onde os blends apresentam uma maior concentração de Cabernet Sauvignon do que Merlot. Já, esta casta, em contrapartida, tem maturação mais rápida e suporta solos argilosos e mais frios. Assim, na margem esquerda de Bordeaux, onde o solo é argiloso, cultiva-se Merlot. Nos solos ricos em cascalho e areia, a preferência é pela Cabernet Sauvignon.
Esta casta tem a particularidade de ter casca grossa e isto justifica o fato de produzir vinhos com cor profunda, isto é, muito pigmentado, e com bastante tanino. Lembrando que tanto os pigmentos quanto os taninos do vinho tinto são oriundos da casca da uva. À medida em que qualquer uva amadurece, aumenta o seu teor de açúcar e reduz a sua acidez. Mas não se pode perder de vista que um vinho com baixa acidez é um vinho chocho, sem graça. Pela lenta maturação da Cabernet Sauvignon ela consegue reter e proporcionar um vinho com alta acidez e álcool de nível médio, pois a concentração de açúcar na uva não é tão elevada. Cada 17 gramas por litro de açúcar, no suco da uva, geram 1% de álcool através da fermentação.
Os bons vinhos de Cabernet Sauvignon podem apresentar aromas e sabores de cereja preta, groselha vermelha ou preta, cassis, grafite e notas vegetais, que vão desde pimentão verde, chá, até menta. Ficam enriquecidos quando passados em barricas de carvalho e entregam aromas de tabaco/caixa de charuto, cedro, cacau chocolate e café. Ao envelhecer em garrafa ele evolui e nascem aromas de cogumelo e caramelo.
Entre as principais regiões do mundo que produzem Cabernet Sauvignon de qualidade está Bordeaux na França, que é o seu berço. Mas também merecem menção Stellenbosch na África do Sul, Gimblett Gravels na Nova Zelândia, e Stags Leap, Oakville e Rutherford, todos no Napa Valley, Califórnia que, por ser mais quente, apresenta vinhos gordos, com maior teor alcoólico e corpo, com destaque para fortes notas provenientes da passagem por carvalho, seguindo o gosto dos americanos.
Na América do Sul o destaque fica para as regiões do Maipo e Cachapoal, no Chile, cuja qualidade dos seus blends a base de Cabernet Sauvignon rivaliza com os do velho mundo. Cito alguns: Almaviva, Seña, Vik, Don Melchor, etc. Mais simples e barato, mas muito expressivo, indico o Terrunyo Cabernet Sauvignon da Concha y Toro.
Entre os brasileiros aponto o Quinta do Seival, safra 2018, da Campanha Gaúcha. Se preferir um mais macio, mas de maior valor, escolha um blend com Merlot, no estilo bordalês: Lote 43. Ambos da Miolo. A safra 2020 do último está prestes a ser lançada e quem já provou elogiou. Os dois podem ser guardados. O primeiro, em torno de 10 anos, o segundo, muito mais.
Cabernet Sauvignon é um acompanhamento perfeito para assados de carne vermelha e até churrasco, sendo aconselhável servi-lo na temperatura entre 15 a 18 °C. Saúde!
Maurício, o Portal Café Conto Encontro agradece sua participação. Temos certeza que muito terá a agregar e ensinar aos frequentadores do nosso Bistrô, nossa casa de café virtual.
Um afetuoso abraço, agradecendo a permissão para a publicação do artigo, em especial também, ao Jornal Impresso.
Cheers!
Chris Barbato